sábado, 16 de agosto de 2014

Texto finalista da etapa escolar

Pesca abusiva: Corrupção em alto mar
Aluno: Danilo Rafael  3º ano A

    O lugar onde eu vivo é um pequeno paraíso repleto de belezas singulares, cantado em verso e prosa por diversos poetas que se rendem ao encanto dessa terra. A ilha de Itamaracá, banhada pelo Oceano Atlântico e pelo canal de Santa Cruz possui praias de águas claras, coqueirais imponentes, povo simples e festeiro. Tudo isso contribui para tornar a minha ilha um dos pontos turísticos mais ricos de Pernambuco.
            O canal de Santa Cruz, que separa uma parte da ilha do continente é a fonte de sobrevivência de grande parte da população ilhéu, principalmente dos moradores do povoado de Vila Velha. Porém a pesca abusiva , no decorrer dos anos, vem ameaçando a existência de várias espécies. A pesca é uma das identidades do povo itamaracaense e garante o sustento de várias famílias que sobrevivem desse trabalho. Porém um tipo de pesca utilizada por alguns pescadores, vem dividindo as opiniões em Itamaracá.
    A “bomba”, nome dado à dinamite que é lançada ao mar, é um objeto simples feito de pólvora e corda. No seu interior é colocada a pólvora e ao redor várias camadas de corda para dar pressão na hora de explodir. É algo muito simples, mas traz consigo muitas destruições. Quando é lançada ao mar, os peixes pensam que é comida e se aproximam, então a bomba explode e a pólvora que foi colocada no interior da mesma quebra as espinhas dos peixes, fazendo-os morrer em alguns instantes.
    A explosão é muito forte, destrói tudo que esta ao redor. Mata vários animais de todas as espécies e tamanhos, principalmente os corais que são o habitat de várias espécies e levam de 5 a 6 meses para se regenerarem. Na área afetada os peixes se afastam não só pela destruição ocasionada, mas também por todo ambiente que está contaminado. A bomba atinge entre 40 a 50 m de distância, acabando com tudo que é vivo. Um dos animais mais atingidos é a  tartaruga marinha. Várias espécies são vistas mortas na beira da  praia.
    Segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), a pesca abusiva é proibida por lei e o infrator pode pegar de 4 a 5 anos de cadeia, mas em algumas regiões muitos pescadores ainda praticam esse ato desonesto. Nos dias atuais a ilha vem se tornando invisível para a fiscalização ambiental. O IBAMA não está fiscalizando e o caminho fica livre para os pescadores utilizarem esse método irracional.
            Diversos pescadores defendem o uso das bombas na pesca, como o senhor João Pedro, morador da comunidade de Vila Velha, que argumenta que esta é a melhor forma de capturar uma grande quantidade de peixes de uma só vez.  Ele relata, ainda, que isso não é de hoje, o seu bisavô e o seu avô já usavam e nunca faltou peixe por lá. A população da ilha fecha os olhos para essa matança desordenada. Pensam  que está  tudo bem , que tudo pode voltar ao normal. Muitos moradores da região recebem parte dos pescados em troca do silêncio. Esse ato colabora bastante para o crescimento desse  crime. As bombas são soltas quase todos os dias, mas vale a pena perguntar: Quem sai lucrando  nisso tudo?
    Conforme as evidências, são os  pescadores  envolvidos nesse crime ambiental. Em cada bomba solta eles pegam aproximadamente 300 kg de peixes e vendem por um preço absurdo para a população. Mas por outro lado perdem, aproximadamente,  150 kg que são vistos mortos, despedaçados, na margem do rio. É preciso que toda população  abra os olhos para essa matança desordenada , principalmente as autoridades da cidade, que devem ter   consciência do problema e investir mais em educação e projetos sociais, realizando campanhas de conscientização junto aos pescadores.
    Portanto, tem que  haver uma fiscalização mais rígida pelo IBAMA, pois nós   moradores não sabemos mais o que fazer. Eu sei que não é uma bomba destrutiva como a de Hiroshima e Nagasaki,  que horrorizou  os olhos  do mundo na Segunda Guerra Mundial, mas é uma bomba que está acabando com as riquezas de uma ilha rica em biodiversidade. Em minha opinião,  se o IBAMA  começar  a fiscalizar novamente ,e as pessoas começarem a ter consciência do problema, toda ilha  será beneficiada  e  não vai haver  mais destruições no nosso espaço ambiental.


Um comentário:

  1. Interessante e bem pertinente denúncia que contém este artigo. Não conhecia esta prática de pesca que de fato prejudica a fauna e a flora marinha desta região!
    Um ótimo alerta, Danilo!

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